2009/08/13

Shirley Valentine com Betty Faria por Antônio Marcelo

Betty Faria vive no Teatro Shirley Valentine, sob a batuta de Guilherme Leme


Shirley Valentine...
Me visto, me perfumo para ir ver TIÊTA. Não, não foi isso que eu quis dizer. Me visto, me perfumo para ver Shirley Valentine, de Betty Faria. O espetáculo começa. Entra em cena, uma senhora, simpática, ela bebe. É a Betty? É, esta é a senhora Shirley Valentine, a comportada e submissa dona de casa que conversa com as paredes. O desafeto que ela traz dentro de si (não sucumbe a leveza da Shirley menina), mas se apresenta com um cinza desbotado. A luz do espetáculo não indica a menor cor. Parece algo noir. E Shirley começa a narrar, a entonar seus sentimentos... E de repente, percebe que o encanto, que a felicidade sonhada no lar ou para o lar foi embora, mas a vida não foi. Ela, a vida, ficou latente dentro de Shirley torcendo para que ela pudesse perceber os sinais de alerta. E essa percepção é sinalizada diante um convite para uma viagem que ela recebe de uma amiga.
E Shirley decide viajar para a Grécia. E coincidentemente ou não, o espetáculo estréia. Betty tem seu corpo realçado por um outro figurino. Shirley se predispõe a ser e a ter um encontro com a vida, com ela mesma. Nesse segundo tempo, a platéia já está dentro do espetáculo. A atriz já tem agradado completamente. Ela é ótima! Alguém buchicha na platéia.
O espetáculo, no terceiro ato se abre com um um cair de areia, magnifico. Um efeito que parece mais uma esperiência alquimista interligada há um dourado barroco e outras derivações de cores. Há uma explosão de brilho, ninguém esperava. Então surge tanto Betty quanto Shirley, ambas rejuvenescidas, explêndidas. Grécia, então entra o mito de Fênix. O olhar, os gestos, as palavras de shirley me dão a certeza do imenso talento que tem minha Betty. É minha porque eu a escolhi como minha musa.
TIÊTA, penso eu, precisava ser Betty. E agora diante a magia de Shirley, me reinvento a dizer: Shirley Valentine, a brasileira, precisava ser Betty. precisava ser recontada por Betty. Que maravilha de atriz, que espetáculo. A direção de Guilherme Leme encanta a platéia, principalmente na solução cênica. O cair de areia, o abrir do ciclorama enche os olhos da platéia. As cenas ganham brilho assim como a vida de Shirley.
O primor textual, a voz de Betty é musicalidade, é colorida, é ritmica... E eu me sinto privilegiado por ter ido assistir, por ter criado expectativas e por não ter me decepcionado. As pessoas ligados a mim, me ligavam para saber se eu ia ver Betty. Alias, elas diziam: A Tiêta está em Fortaleza. Você está sabendo? E eu me orgulho dessa minha ligação com elas, com a arte. Aplausos para a eletricidade de minha musa, atriz, professora por meu modelo de simpatia. Dessa vez, não foi possível beijar-lhe as mãos, como fiz no Teatro Celina Queiroz. Dessa vez eu não tinha um colar em meu pescoço para tirar e presenteá-la. Eu fui presenteado por vê-la, por compreender toda a magia e a beleza e o glamur de minha Betty.

Betty, eterna Tiêta, eterna estrela de todos nós. Teu nome ...BETTY... é curto, mas tem a melodia faiscante e é espoletada assim como teu talento. Betty lembra na sonoridade da palavra - freio que se surropia.... e isto é reafirmado em tudo aquilo que tu fazes.... tu és elétrica, eletrizada e eletrizante. Betty está a ferro e fogo como a estrela que sobe, como a diva que perpetua a memória de uma gente compromissada com a arte e com aquilo que o tempo não leva..... teu charme, tua elegância... Tua voz incondundivel no palco, na tv e no cinema. Vou escrever uma peça de teatro para você. BEIJO ENOOORME.