Me visto, me perfumo para ir ver TIÊTA. Não, não foi isso que eu quis dizer. Me visto, me perfumo para ver Shirley Valentine, de Betty Faria. O espetáculo começa. Entra em cena, uma senhora, simpática, ela bebe. É a Betty? É, esta é a senhora Shirley Valentine, a comportada e submissa dona de casa que conversa com as paredes. O desafeto que ela traz dentro de si (não sucumbe a leveza da Shirley menina), mas se apresenta com um cinza desbotado. A luz do espetáculo não indica a menor cor. Parece algo noir. E Shirley começa a narrar, a entonar seus sentimentos... E de repente, percebe que o encanto, que a felicidade sonhada no lar ou para o lar foi embora, mas a vida não foi. Ela, a vida, ficou latente dentro de Shirley torcendo para que ela pudesse perceber os sinais de alerta. E essa percepção é sinalizada diante um convite para uma viagem que ela recebe de uma amiga.
E Shirley decide viajar para a Grécia. E coincidentemente ou não, o espetáculo estréia. Betty tem seu corpo realçado por um outro figurino. Shirley se predispõe a ser e a ter um encontro com a vida, com ela mesma. Nesse segundo tempo, a platéia já está dentro do espetáculo. A atriz já tem agradado completamente. Ela é ótima! Alguém buchicha na platéia.
O espetáculo, no terceiro ato se abre com um um cair de areia, magnifico. Um efeito que parece mais uma esperiência alquimista interligada há um dourado barroco e outras derivações de cores. Há uma explosão de brilho, ninguém esperava. Então surge tanto Betty quanto Shirley, ambas rejuvenescidas, explêndidas. Grécia, então entra o mito de Fênix. O olhar, os gestos, as palavras de shirley me dão a certeza do imenso talento que tem minha Betty. É minha porque eu a escolhi como minha musa.
TIÊTA, penso eu, precisava ser Betty. E agora diante a magia de Shirley, me reinvento a dizer: Shirley Valentine, a brasileira, precisava ser Betty. precisava ser recontada por Betty. Que maravilha de atriz, que espetáculo. A direção de Guilherme Leme encanta a platéia, principalmente na solução cênica. O cair de areia, o abrir do ciclorama enche os olhos da platéia. As cenas ganham brilho assim como a vida de Shirley.
O primor textual, a voz de Betty é musicalidade, é colorida, é ritmica... E eu me sinto privilegiado por ter ido assistir, por ter criado expectativas e por não ter me decepcionado. As pessoas ligados a mim, me ligavam para saber se eu ia ver Betty. Alias, elas diziam: A Tiêta está em Fortaleza. Você está sabendo? E eu me orgulho dessa minha ligação com elas, com a arte. Aplausos para a eletricidade de minha musa, atriz, professora por meu modelo de simpatia. Dessa vez, não foi possível beijar-lhe as mãos, como fiz no Teatro Celina Queiroz. Dessa vez eu não tinha um colar em meu pescoço para tirar e presenteá-la. Eu fui presenteado por vê-la, por compreender toda a magia e a beleza e o glamur de minha Betty.
Betty, eterna Tiêta, eterna estrela de todos nós. Teu nome ...BETTY... é curto, mas tem a melodia faiscante e é espoletada assim como teu talento. Betty lembra na sonoridade da palavra - freio que se surropia.... e isto é reafirmado em tudo aquilo que tu fazes.... tu és elétrica, eletrizada e eletrizante. Betty está a ferro e fogo como a estrela que sobe, como a diva que perpetua a memória de uma gente compromissada com a arte e com aquilo que o tempo não leva..... teu charme, tua elegância... Tua voz incondundivel no palco, na tv e no cinema. Vou escrever uma peça de teatro para você. BEIJO ENOOORME.