2010/07/13

ESTREIA UMA NOITE QUASE VAZIA AUTOR ANTONIO MARCELO

APRESENTAÇÃO:

QUIMERAS DE TEATRO, no cenário teatral há 14 anos, apresenta UMA NOITE QUASE VAZIA. Esse espetáculo tem por base a continuidade artística do Grupo e celebra também os quinze anos de vivência artística de Antônio Marcelo. Entre espetáculos e esquetes, Uma Noite Quase Vazia ocupa a 21º estréia do Grupo, e é o 16º texto apresentado de Antônio Marcelo pelo Quimeras de Teatro.


OBJETIVO:

Tem como objetivo principal a difusão de uma forma evolutiva e contínua onde a arte esteja a serviço da cultura e da percepção
humana e diversa.

ESPECIFICO:

Dar continuidade a vivência teatral do Grupo, e manter seus membros em função da arte.

JUSTIFICATIVA:

A Justificativa maior é a permanência artística, é o fazer teatral. É comemorar 15 anos de teatro do líder do Grupo, e 14 anos da fundação do Grupo Quimeras de Teatro. Em 17 de julho, dia em que Uma noite Quase Vazia estréia, o Grupo comemorar 14 anos de fundação. A justificativa são várias nuances no campo cultural, no exercício da continuidade do fazer teatro pelo prazer de gostar já é uma explicativa disso tudo acontecer


SINOPSE DA PEÇA:



Uma Noite Quase Vazia tem influências detectáveis da obra Rodrigueana, ela passeia pelo inconsciente do homem, que ainda está permanentemente ligado ao passado. Seus personagens vivem uma realidade claustrofóbica onde suas ações são polarizadas e se mostram irônicas, moralistas e detratoras de sentimentos indefinidos.

Aurélia é uma mulher que conflita a religião e o instinto, e tenta a todo custo sustentar um casamento falido pela impercepção da convivência. Em contra partida, Olavo, seu esposo, movido a paixão, comete uma loucura que levará as personagens à reinvenção delas mesmas.






ELENCO:

Beth Fontenelle como Aurélia
Patrícia Bastos como Tereza


APRESENTANDO
Rommel Costa como Afonsinho
Rubem Ventura / Olavo
Samuel Moura / Irmão Messias
Levi Adonai / Nêgo
Bibi Mesquita / Antonia

PARTICIPAÇÃO ESPECECIAL
Gláucia Alencar

COMENTÁRIO DO AUTOR SOBRE A PEÇA


Esta peça, ela foi escrita para ser apresentada em preto e branco. Ao escrevê-la eu sentia solidão, e tinha como forte inspiração, O beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues na versão apresentada pelo Marcelo Costa, e o Cenário cedido por ele também. Enfim, em 2000 a peça desandou, e o cenário do Beijo no Asfalto foi parar na montagem de Eu Sou Antes, Eu Sou Quase, Eu Sou Nunca. E assim se passaram dez anos, mas eu tentei manter as impressões da primeira tentativa em montar. Naquela época, eu bebia na fonte do Grupo Balaio, embora hoje tenha armazenado em mim o aprendizado, a vivência. E volto para o palco ainda com encantos. A certeza é que eu nunca me ausentei do teatro. No único ano em que não me apresentei que foi em 2009, eu escrevi para teatro cinco textos. E aqui, estou com o tremor nas mãos, diante a platéia. São quinze anos, com uma interrupção. Pode ser chocante a minha extrema sensibilidade em afirmar: Desse teatro feito no ceará, eu não espero nada em relação a reconhecimento, a sobrevivência. Por causa do teatro cearense muita gente com talento e vocação para a ribalta se entregou a mais completa miséria financeira. Diante desse sonho sem vôo pelas aragens cearenses. Aquele que se torna obcecado pelo palco, e que não sai da terra da luz (de brilho opaco) um dia se percebe incapacitado financeiramente. Não dar para viver de teatro. Da para viver de humor. Mas cada um traça o modelo(?) de como quer ser visto. Cada um segue depois do sucesso ou fracasso a tentativa de achar seu caminho. Mas o meu caminho não será achado no teatro cearense que só valoriza o besteirol. Mas a cultura em si sempre sofreu boicote, sempre foi assim, Nelson Rodrigues teve grande dificuldade para se lançar. O TBC preferia o gênero ligeiro. E enquanto nós, o Ceará não quer a seriedade, ele não sabe apreciar uma peça de teatro. saborear um copo de cerveja é mais fácil. Fazer macaquice ao ritmo de uma bandinha de forró é onde o cearense mais se destaca. Ele nasceu para isso. É a natureza dele e ninguém vai mudar. É mais saborosa a casa de forró do que apreciar o talento de Paulo Façanha. São por essas e outras que voltar aos palcos é uma diversão e gratificação minha. É um presente que me dou porque posso bancar. Os tempos já forma mais difíceis, e no entanto eu fiz. Nós fizemos. Muitos gostariam de se expressar assim também. Tem pessoas que dizem que eu errei aqui, e eu agradeço a informação, têm outras que dizem você foi um sucesso, e eu desconfio do elogio. Eu soube suportar minhas dores, sem precisar de entorpecentes. Outros têm recursos, mas não abrem suas poupanças em nome de uma montagem. Eu monto sem ter recurso, sempre montei. Tenho coragem, sempre tive, e tenho contribuído com o teatro, com meu trabalho, com meus textos, minha direção. Gosto de cultura e tenho sensibilidade. Embora não seja um gênio. E ser gênio em uma terra como esta é padecer, é ser reduzido a nada pela idiotice alheia. Eu queria dizer isto, no meu retorno. Mas não digo isso com desprezo pela classe, e sim com pesar de tudo que tentaram ao longo do tempo transformar o nosso teatro nessa terra da luz de brilho opaco. Dentro de minha timidez há uma sensibilidade comparada a poucos. Isto é um privilegio meu. Sou um autor sobrevivido há quinze anos. Embora na prática o autor esteja dentro de mim há muito mais tempo. Escrevo desde criança. Comecei a escrever com doze anos, treze. E tenho força para permanecer mais quinze. Sou um debutante cultural. Sou jovem, tenho um caminho a percorrer agora com os pés no chão. Não tenho mais sonhos. O que restou foi a coragem. Nem todo artista é cheirado de pó, nem todo medíocre é improdutivo. A minha mediocridade se apaga quando a minha dramaturgia se dissolve nos refletores. Pago para fazer teatro assim como tem gente que paga para ir ao beach park. Pago para fazer teatro e faço, enquanto alguém fica a sonhar com o recurso que não ficou de vir. Tenho minhas limitações.